Introdução à Revolução Cultural na República Popular da China

Apresentação pelo autor, 26 de novembro de 2016.

Este livro, que intitulei “Introdução à Revolução Cultural na República Popular da China: Aspectos Econômicos, Sociais e Políticos” reproduz o texto básico da aula magna proferida pelo Autor no dia 19 de novembro de 2016, para os programas de pós-graduação da Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP), nas áreas de economia, história e ciências sociais, aglutinados no Núcleo de Análise da Conjuntura Internacional (NACI), presidido pela Professora Doutora Regina Gadelha. Como o titulo deixa bem claro, o trabalho é apenas uma introdução a um processo histórico altamente complexo, que mereceria uma analise de maior folego, mas que estaria fora das possibilidades de uma simples aula magna.

A grande Revolução Cultural Proletária, lançada por Mao Zedong em meados de 1966, representou a consequência das lutas internas no seio do Partido Comunista Chinês, causadas pelas dificuldades econômicas havidas nos primeiros anos da República Popular da China. O primeiro governo dessa, que fora fundada em 1949, após 100 anos do neocolonialismo imperialista e 22 anos de guerras, compreendidas aí a Segunda Guerra Mundial, com a desastrosa ocupação japonesa e a Guerra Civil, pretendeu através de diversas políticas econômicas, inclusive a chamada “Grande Salto para Frente”, promover um rápido desenvolvimento.

No entanto, diversos fatores, como a eclosão da Guerra da Coréia em 1950, na qual a República Popular da China se envolveu e que durou até 1953, bem como a falta de fontes de financiamento externo ao processo de desenvolvimento industrial chinês, somados a formulações insensatas e opções temerárias, levaram a uma crise econômica seríssima, que trouxe em seu bojo a fome, a miséria e, naturalmente, o conflito político.
Acuado por seus adversários políticos, Mao Zedong lançou a Revolução Cultural, invertendo a pirâmide social para, deliberadamente, criar o caos generalizado no país através do chamado “Terror Vermelho”, que durou nada menos do que cerca de 10 anos e trouxe grandes sofrimentos para o povo chinês. Para tal inversão, Mao repudiou os ensinamentos tradicionais do grande filósofo Confúcio, que se encontravam sedimentados no ethos chinês, a própria Constituição da República da República Popular da China, adotada há pouco tempo, bem como os seus próprios escritos anteriores, inclusive alguns daqueles transcritos no famoso “Livro Vermelho”.

Este livro relata os acontecimentos da época e como eles resultaram, num tipico processo dialético, nas reformas diversas levadas adiante por Deng Xiaoping e por seus sucessores, e que resultaram num enorme avanço econômico e social da República Popular da China, de maneira a torna-la a segunda maior economia do mundo, com viés de primeira, no futuro próximo, quando será superada aquela dos Estados Unidos da América.

De fato, já em 1984, foi introduzido o sistema misto de planejamento estatal e economia de mercado, o qual numa formatação muito mais evoluída existe até hoje. Logo em seguida, a China formalizou o seu pedido de acessão ao sistema multilateral do comércio, então no âmbito do Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o GATT. No longo processo de ingresso, que durou 15 anos, o país alterou nada menos que 9.000 leis e regulamentos de leis para introduzir uma economia “socialista de mercado”.

O livro é dedicado à saudosa memória do Professor Paulo Edgar de Almeida Resende, da Faculdade Paulista de Direito da Pontificia Universidade Católica de São Paulo, um dos fundadores do NACI e um grande campeão dos melhores valores humanísticos, inclusive durante os anos sombrios da ditadura militar brasileira, quando corajosamente iluminou, com o seu saber, a senda a ser tomada pela cidadania e pelas mulheres e homens do bem.