Resenha do livro Diário da Crise

Publicada no Blog do Sorrentino, 13 de janeiro de 2010.

sorrentinoEstá aí um livro novo, talvez pouco conhecido ainda, mas muito bom e importante. Diário da Crise foi escrito por Durval de Noronha Goyos Jr., advogado formado pela PUC-SP, admitido no Brasil, Inglaterra e Gales e Portugal, com larga experiência em direito internacional. A editora é a Observador Legal. O tema: a crise econômico-financeira capitalista, a crise comercial, os dilemas dos países em desenvolvimento e a crise da política internacional.

Foi escrito no calor dos acontecimentos, mas com raro rigor, obra de combate intelectual e político. São muitos textos, concisos, concatenados, de grande consistência e coerência. Como diz Luis Paulino (professor da UNESP) prefaciando a obra, ela se alinha às melhores tradições do pensamento crítico brasileiro, com uma sólida base humanista e nacionalista. É um golpe demolidor na retórica neoliberal e uma contribuição crítica ao hibridismo que marca a condução da política econômica do governo Lula. Como diz o autor, citando Gabriel Garcia Márquez, “hay uma fuerza perniciosa y profunda que se siembra en el corazón de los hombres y que no es posible derrotar a bala: la colonización mental”. A obra é um libelo permanente precisamente contra ela.

O autor foi representante do governo brasileiro ad hoc para a Rodada Uruguai do GATT e é árbitro da OMC e da Comissão Internacional de Arbitragem Comercial da China. Conhece a fundo os problemas que levaram à impotência a Rodada Doha (aliás, o primeiro dos cadáveres insepultos da realidade mundial imediatamente atual, sendo o segundo o fracasso da COP-15 recentemente realizada). Um dos melhores textos versa exatamente sobre Doha, denúncia crítica do papel das potências e, também, da condução dada pelo Itamaraty às negociações (desfazendo acordos com Índia e Argentina na ocasião).

Fonte: http://www.waltersorrentino.com.br/2010/01/13/diario-da-crise/