Apresentação da Dra. Maria de Jesus Simões Barroso Soares

Por ocasião do Jantar da Associação dos Amigos Brasileiros da Fundação Aristides de Souza Mendes, em São Paulo, Brasil, no dia 15 de abril de 2003.

Conforme palavras do Padre Antônio Vieira, este grande percursor da luta pelos direitos humanos que, há 350 anos, pregava contra a escravidão dos silvícolas: “A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete, e com mais dificuldade se conhece, e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda (2)”. Aristides de Souza Mendes foi um homem que não se omitiu.

Nesta noite em que estamos a homenagear a memória e o exemplo de Aristides de Souza Mendes, este herói extraordinário, que nos legou a lição da importância do não conformismo com a injustiça e da resistência à opressão e à tirania, estamos encantados em poder contar com a presença da Sra. Doutora Maria Barroso, ela que tem em sua rica biografia muitos preciosos e abundantes exemplos de firme convicção nos ideais democráticos e da árdua luta por sua afirmação.

Já nos bancos escolares, a Dra. Maria Barroso, inspirando-se no exemplo paterno, já combatia a ditadura brutal salazarista e defendia a instauração do Estado de Direito em Portugal. Naquela ocasião conheceu aquele que seria seu companheiro de lutas democráticas de toda a vida, o Dr. Mário Soares. Foi presa, exilada e degredada na África, com seu marido. Teve seu diploma superior cassado pela PIDE e foi proibida de lecionar. Foi impedida de recitar poemas no Teatro Nacional. Passou pela profunda dor de saber da tortura de seu pai, aos 74 anos de idade.

Foi fundadora do Partido Socialista Português juntamente com Mário Soares, que se tornaria o pai da democracia portuguesa, e com Bernardino Gomes. No restabelecimento da democracia em Portugal em 1974, foi eleita deputada pelos distritos de Santarém, Porto e Algarve. A partir de 1986, como mulher do Primeiro-Ministro e Presidente da República, teve destacada atuação na defesa dos direitos humanos, das vítimas da guerra, da fome, do racismo, da xenofobia, das mulheres e das crianças.

Preside a Cruz Vermelha Portuguesa, a Fundação Pro Dignitat e a Fundação Aristides de Souza Mendes, que é o motivo de sua presença dentre nós na data de hoje.

Senhoras e Senhores, a Dra. Maria Barroso.