Efeito da crise

Publicado no “jornal Bom Dia”, São Paulo, Brasil, 05 de julho de 2009.

O Banco Mundial anunciou, no dia 22, que os países em desenvolvimento sofrerão uma queda de US$ 1 trilhão nos fluxos financeiros de capitais privados, com relação ao volume havido em 2007. Em 2008, computou-se uma queda de aproximadamente US$ 500 bilhões.

Como o valor total do PIB (Produto Interno Bruto) mundial é cerca de US$ 60 trilhões, a perda a ser sofrida pelos países em desenvolvimento é dramática.

A situação ficará ainda pior se forem excluídos os fluxos para Brasil, Índia e China, que continuarão a receber aportes expressivos de capital, devido ao dinamismo de suas economias. Isso significa que a recessão continuará a atormentar os países em desenvolvimento, pelo menos, até o fim deste ano e, possivelmente, em 2010.

Excluídas as economias da China e da Índia, aquelas dos demais países em desenvolvimento, segundo o Banco Mundial, deverão retrair em aproximadamente 1,6%. A economia internacional como um todo deverá se reduzir em 2,9% do PIB mundial, enquanto o comércio global deverá cair em 10%.

Os países do chamado G-8, por exemplo, têm sido criticados por faltarem a suas promessas de apoio financeiro aos países menos desenvolvidos.

De fato, a situação interna de quase todos os países do G-8 encontra-se dificílima. No Reino Unido, a participação do Estado no PIB aproxima-se a 50%, o que descaracteriza o país como economia de mercado. Por sua vez, na Itália, haverá uma enorme redução da economia, em cerca de 5%, face ao ano anterior. Igualmente, França e Alemanha têm grandes dificuldades e, por último, os Estados Unidos encontram-se tecnicamente quebrados, com um déficit orçamentário de aproximadamente 10% do PIB.

O Banco Mundial propugnou por maior cooperação e coordenação na formulação de regras mais rígidas para os mercados financeiros, bem como um controle internacional das respectivas operações, medidas de resto necessárias.

Já há propostas apresentadas pelos EUA e pela União Européia, mas nada de concreto da parte dos países em desenvolvimento.

Felizmente, a situação econômica brasileira apresenta-se comparativamente bem. Contudo, os estudos sob comento do Banco Mundial indicam que o setor do comércio exterior do Brasil continuará com dificuldades nas suas vendas internacionais, devido à retração do comércio internacional.