Palestra proferida no Club of Ambassadors of the British Commonwealth, Brasília, Brasil, 17 de novembro de 1999.
1.- CONSIDERAÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A FORMAÇÃO DO MERCOSUL:
A) Uma agenda essencialmente política;
B) Ausência de coordenação com a iniciativa privada;
C) Concebido parcialmente como resultado das frustrações decorrentes da Rodada Uruguai do GATT;
2.- NATUREZA DO TRATADO DE ASSUNÇÃO:
A) Assinado em 1991;
B) Objetivos:
i) Livre circulação de capital, bens, serviços e pessoas;
ii) A criação de uma tarifa externa comum e política comercial;
iii) A coordenação de políticas macroeconômicas.
3.- PROBLEMAS INERENTES:
A) Fragilidade macroeconômica nos principais Estados-Membros;
B) Controles cambiais no Brasil;
C) A taxa de câmbio fixa na Argentina;
D) O alto custo econômico para a Argentina para a aceitação parcial da liderança política regional do Brasil.
E) Distorções econômicas e desvio induzido dos investimentos;
F) Falta de um sistema confiável de resolução de disputas.
4.- SUCESSOS INICIAIS:
A) O comércio regional aumentou de US$ 5 bilhões em 1991 para US$ 10 bilhões em 1993, US$ 14 bilhões em 1995, US$ 20 bilhões em 1997 e novamente em 1998;
B) Note-se que 59% do comércio interno é proveniente de mercadorias e produtos agrícolas, excluindo-se o açúcar;
C) Note-se que 50% das exportações da Argentina de produtos manufaturados se destinaram ao Brasil, alavancadas pela sobre valorização da moeda brasileira pelo Plano Real;
D) Note-se que 35% das exportações da Argentina eram destinadas ao Brasil;
E) O estabelecimento de uma tarifa externa comum, embora com várias exceções como para o setor automotivo, tecnologia de informação, açúcar, etc.
5.- A CRISE DO MERCOSUL:
A) O naufrágio do Plano Real e a desvalorização da moeda brasileira;
B) A reação argentina e a Resolução 911, que estabeleceu quotas para importações aplicadas a todos os seus parceiros comerciais, incluindo o Brasil;
C) A contra-reação brasileira, a perda do diálogo diplomático, o ônus nas relações diplomáticas causadas por inadequações do sistema de resolução de disputas;
D) Os setores afetados: leite; calçados; aço; aves; porcos; automóveis, papel e celulose; têxteis, açúcar; bens capital;
E) O comércio dirigido substituiu o livre comércio;
6.- PERSPECTIVAS PARA O FUTURO:
A) A nova administração na Argentina facilitará o diálogo diplomático, com grandes alterações na política;
B) Os Estados-Membros concordarão em discordar;
C) A agenda política para o Mercosul persistirá;
D) O sucesso do livre comércio, e do bloco, dependerá das condições macroeconômicas prevalecentes no Brasil;
E) Enquanto nenhum grande sucesso é alcançado internamente no Brasil, o Mercosul não se sujeitará a mudanças pró-ativas e permanecerá um exercício do comércio dirigido dentro de um contexto básico de política de boa-vontade; e
F) As possíveis conseqüências de uma falha na liberalização multilateral no âmbito da OMC e do impacto do eventual sucesso da iniciativa da ALCA.