Advogado navega pela literatura erótica usando heterônimo

Resenha publicada no Diário da Região de São José do Rio Preto pela jornalista Francine Moreno, São José do Rio Preto, 20 de maio de 2018.

Depois de lançar em junho do ano passado o primeiro romance, Shanghai Lilly, pela Chiado Editora, o advogado rio-pretense, Durval de Noronha Goyos Jr., lança agora uma obra sobre literatura erótica, novamente com o heterônimo António Paixão. Denominado A História da Literatura Erótica e Meus Contos Malditos, a obra tem 200 páginas e foi produzida pela UBE Editora.

O advogado e escritor, que é presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), tem ainda 59 volumes sobre direito internacional, lexicografia, história e economia, e agora apresenta contos eróticos criados por ele. Com citações históricas e eruditas, Paixão cria narrativas sobre personagens, todos imaginários, que de imediato, deverá cativar a empatia do leitor.

O pré-lançamento da obra será no próximo dia 24, às 19h, na sede da UBE, localizada no bairro República, em São Paulo. Já o lançamento está programado para o dia 5 de junho, das 18h30 às 21h30, na Livraria da Vila, do Jardim Paulistano, também na capital paulista.

Noronha Goyos Jr. explica que decidiu escrever o novo livro por causa do seu heterônimo. “António Paixão gosta de escrever contos porque eles permitem uma maior diversidade temática e de personagens. Assim, têm um potencial maior de divertimento e maior variedade, em menor espaço. Representam os contos, ao mesmo tempo, um desafio para o escritor de prender o leitor em poucas páginas, envolvendo-o com a trama tecida de maneira compacta. O gênero atraiu grandes autores, no Brasil e no exterior. Dentre nós, destacou-se o grande Machado de Assis.”

O escritor afirma que os contos foram escritos em diversos períodos. A grande maioria deles representa trabalhos inéditos e foi escrita no final de 2017 e início de 2018. Dois dos contos são mais antigos e já haviam sido publicados. “A história da literatura erótica foi escrita no final de 2017 como resultado de um grande trabalho de pesquisa, que aborda de forma global o fenômeno do erotismo na literatura. Como disse Mário Vargas Llosa, sem erotismo, não há grande literatura. De fato, o erotismo faz parte da história da humanidade e é um elemento real na vida de todos. O realismo literário não pode prescindir do erotismo.”

O rio-pretense esclarece na introdução do livro o motivo da publicação ganhar o título A História da Literatura Erótica e Meus Contos Malditos. “Explico que a sua estrutura é resultante da maré de ódio e de intolerância que tomou conta do Brasil e que atenta contra os direitos fundamentais da cidadania duramente construídos através dos anos, como o direito de livre expressão, que nós temos tenazmente defendido na União Brasileira de Escritores.”

Personagens diversos

O leitor irá ler na introdução que Voltaire, um grande sábio, afirmava ser a tolerância o apanágio da humanidade. Na parte história, tomará conhecimento de milhares de anos da evolução da literatura erótica, da China, à Pérsia, à Arábia, à África, à Europa, aos Estados Unidos e à América Latina, onde se manifestou na literatura fantástica de Jorge Amado, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Marques, Carlos Drummond de Andrade, Mário Vargas Llosa, dentre outros. Os contos, por sua vez, representam personagens diversos, todos eles fictícios, em Lisboa, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em São José do Rio Preto, em Beijing, dentre outros rincões.

Os contos tratam dos dramas humanos vividos pelos personagens de diversas ocupações e suas relações com terceiros, dentro de uma perspectiva realista, que inclui deslocamentos diversos, um substrato histórico aplicável e não esconde as preferências, as práticas e os desempenhos sexuais.

Para escrever, Noronha Goyos Jr. inspira-se nos motes das histórias que ouve nos seus contatos sociais. “Depois que escrevi Shanghai Lilly, diversos conhecidos se apresentam para contar casos, na esperança que eu os desenvolva. Um deles, por exemplo, referindo-se a uma situação havida no interior do Paraná, relatou-me a história do promotor que se casou com a moça da zona. Eu aproveitei apenas o mote. Coloquei o promotor em Rio Preto e a zona em Rio Claro. Todo o conto foi objeto de criação inteiramente ficta.”

Detalhes

A ilustração da capa foi feita pela Editora UBE. “O fundo preto representa o ódio que ameaça nossa sociedade, ao passo que a escultura de Canova, em mármore de Carrara, retratando Pauline Bonaparte seminua, exposta na Galeria Borghese em Roma, representa a vitória da arte e do belo sobre a mediocridade, as trevas e o rancor”, explica.

Em Shanghai Lilly, o escritor apresentou a biografia autorizada de Vivian Salomon. Agora, ela faz uma apresentação no novo livro. “Vivian Salomon gostou de sua autobiografia autorizada. Ele disse que muitas mulheres se identificaram com a sua história e emprestaram irrestrita solidariedade a ela. Com isso, Vivian passou a reconhecer mais o trabalho de António Paixão e, sabendo de sua nova obra, e de sua quixotesca luta contra o ódio e a intolerância, resolveu apoiar a iniciativa e quis fazer a apresentação do livro, escrita em Miami, onde ela está presentemente gastando à larga o dinheiro que ganhou honestamente de sua família.”

Já na página 200 do novo livro, o escritor publicou parte da resenha publicada pelo Diário da Região, em em junho de 2017, sobre o lançamento de Shanghai Lilly.

Noronha Goyos Jr. conta que pretende lançar mais livros, mas não como António Paixão. “Estou escrevendo um livro sobre a história dos monges guerreiros de Portugal na Idade Média. O António Paixão me assegura que minha nova obra não será lida por mais de três pessoas”, brinca o escritor.

Quem é

Durval conta com uma sólida carreira na advocacia e foi responsável pela abertura do primeiro escritório jurídico de origemlatina a receber permissão do governo chinês para se estabelecer na cidade de Xangai, em 2001. Também é um dos poucos autores brasileiros publicados em mandarim. Suas obras são traduzidas e adotadas em escolas e universidades de todo o mundo.

Serviço

A História da Literatura Erótica e Meus Contos Malditos, livro de António Paixão. Pré-lançamento na próxima quinta-feira, 24, às 19h, na sede da UBE. Lançamento no dia 5 de junho, às 18h30, na Livraria da Vila, no Jardim Paulistano, em São Paulo.