Discurso feito na sede da UBE, em 03 de novembro de 2015, São Paulo, Brasil.
Excelentíssimo Sr. Chen Xi, Consul Geral da República Popular da China, Excelentíssimo Sr. Qian Xiaoqian, vice presidente da Associação de Escritores da China, Excelentíssimos Srs. Membros da delegação da Associação de Escritores da China, excelentíssimos colegas da diretoria da União Brasileira de Escritores (UBE).
É com enorme satisfação que recebemos hoje a delegação da Associação de Escritores da China, num momento em que as relações bilaterais entre o Brasil e a China promovem como nunca um entendimento que está a promover o bem-estar e a prosperidade dos povos brasileiro e chinês, para a prosperidade recíproca, além de oferecer à comunidade internacional um patamar ético de cooperação multilateral para um futuro melhor das nações. Essa última ação se dá através da Parceria Estratégica firmada entre os países em 1993.
Brasil e China estabeleceram relações diplomática há 41 anos, em agosto de 1974, e fizeram um notável progresso no desenvolvimento das relações comerciais e econômicas. A China, já há alguns anos, passou a ser o principal parceiro comercial do Brasil e o principal investidor neste país. Por sua vez, o Brasil passou a ser o principal parceiro comercial da China na América Latina. Hoje, o fluxo comercial bilateral sino-brasileiro está por volta de US$ 90 bilhões, um volume extraordinário. O estoque de investimentos chineses no Brasil superou a marca do US$ 20 bilhões.
Em 1993, Brasil e China firmaram uma parceria estratégica, que foi adensada a partir de 2012, quando os dois países ampliaram o escopo das ações conjuntas em fóruns como o G-20 e o BRICS, buscando a promoção de uma ética internacional que promova um mundo mais justo, humanista e próspero para os povos de todas as nações. Com tal objetivo, Brasil e China buscam em conjunto obter reformas na governança global, no que toca a aspectos políticos, financeiros e econômicos.
O contato entre as culturas chinesa data do século XVI quando, através dos portugueses, colonizadores do Brasil, foram aqui introduzidos diversos produtos e tecnologias chinesas. Nosso grande sociólogo, Gilberto Freyre, assim se manifestou sobre o fenômeno “Desses produtos, o Brasil foi talvez a parte do império lusitano que, graças às suas condições sociais e de clima, mais largamente se aproveitou1…”
Quando a corte portuguesa se refugiou no Brasil, após as invasões napoleônicas, no período de 1807 a 1821, foi invertida a relação de potência colonial, talvez pela primeira vez na história, e as relações sino-brasileiras se intensificaram. Em 1810, foram concedidas condições especiais para o comércio de Macau com o Brasil. Em 1812, vieram ao Brasil os primeiros imigrantes chineses, para plantar chá no Rio de Janeiro. Há três anos, celebramos o bicentenário dessa extraordinária efeméride, num renovado clima de amizade, respeito e cooperação.
Nessa situação, impõe-se também o estreitamento das relações entre Brasil e China na área cultural, para promover o maior conhecimento recíproco e sedimentar o melhor entendimento entre os dois povos para o futuro. Um passo muito importante foi dado pela abertura de diversos Institutos Confúcio no Brasil. Um deles, o mais antigo, o da UNESP, em São Paulo, foi por duas vezes eleito o melhor instituto no mundo.
O Instituto Confúcio da UNESP traduziu e lançou, pela Editora Unesp, clássicos da literatura chinesa como a Poesia Completa de Yu Xuanji, Os Anacletos, de Confúcio, e dois volumes de Poesia Clássica Chinesa, o primeiro deles da Dinastia Tang. Foi também o Instituto Confúcio da Unesp que agenciou a tradução e o lançamento de edições chinesas de duas obras brasileiras seminais sobre política externa: A Formação do Império Americano, do Prof. Luiz Alberto Moniz Bandeira, já na segunda edição chinesa, e Desafios de Gigantes, do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
Em 2014, os visitantes da importante 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, tiveram a oportunidade de participar de diversas atividades relacionadas à língua e cultura chinesa oferecidas pelo Instituto Confúcio da Unesp, liderado de forma muito competente pelo Prof. Luís Paulino, também conselheiro da UBE.
É nesse contexto que hoje celebramos, a UBE e a Associação de Escritores da China um importante memorando de entendimento, amizade e cooperação. No instrumento, acordamos em explorar possibilidades de intercâmbio, construção de plataformas d e comunicação, para inter alia, apresentar escritores e obras, como promover o conhecimento recíproco e valorização das respectivas culturas.
Para tanto, acordamos em lançar um Fórum Literário Brasil China para discutir temas literários de interesse comum e promover o intercâmbio de delegações de escritores de ambos países. Iremos igualmente promover a tradução de obras de autores dos dois países, recomendando-as a cada parte.
Enfim, vivemos hoje mais um momento histórico nas relações bilaterais Brasil China e um que irá marcar nossas futuras gerações e inspirá-las para trabalhar em conjunto por um mundo melhor.
Viva a Associação de Escritores da China. Viva a União Brasileira de Escritores.
Muito obrigado