Resenha feita pelo Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Lisboa, março de 2019.
Pelo Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
1. Durval de Noronha Goyos, advogado, escritor, professor e jornalista, está a lançar seu último livro Os Monges Guerreiros de Goyos e a Ordem do Hospital em Portugal, publicado pela Editora UBE com 213 páginas, com rico prefácio do Professor Sousa Lara, catedrático da Universidade de Lisboa. O autor é descendente direto de Gonçalo Dias de Goyos, que participou em 1139 da batalha de Ouriques, sob as ordens de Dom Afonso Henriques, quando foi fundado o Reino de Portugal. Dom Gonçalo de Goyos, e seus descendentes, eram monges guerreiros da Ordem do Hospital de São João de Jerusalém, que teve grande importância na organização militar de Portugal, fundada para dar assistência aos Cruzados e depois guerreira, de defesa da Fé.
2. Em Portugal, foi de grande importância política e econômica, sendo o seu Prior, o Prior do Crato, do Conselho do Rei, posições ocupadas por Dom Frei Lourenço Esteves de Goyos, que esteve ao lado do Condestável Dom Nuno Gonçalves Pereira, na batalha de Aljubarrota, em 1385, quando se assegurou a independência de Portugal, e por Dom Frei Nuno Gonçalves de Goyos, que reconstruiu o Castelo de Belver e o Mosteiro Flor da Rosa, no Crato, além de ter participado da campanha de Tanger e das batalhas pela legalidade em 1440, à frente das tropas da Ordem do Hospital. O filho de Dom Frei Nuno, Dom Frei Pedro de Goyos, Comendador de Marmelar, participou ao lado de Dom Afonso V da batalha de Alfarrobeira e, como recompensa, recebeu o Castelo de Lousã, próximo a Coimbra.
3. Por sua vez, Dom Manuel de Goyos, neto de Dom Nuno, foi primeiro ministro (Porteiro Mor) de Dom Manuel I, capitão da Mina no final do século 15, e consagrado poeta publicado no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Ao tratar de Dom Manuel de Goyos, Noronha publica alguns de seus preciosos poemas no contexto da extraordinária literatura portuguesa dos descobrimentos, única no mundo.
4. Ao descrever as origens de sua família, Durval de Noronha Goyos o fez no contexto de uma bela, e cuidadosamente pesquisada, História de Portugal e também do Brasil, esta a partir de 1500, onde os leitores descobrem novas e preciosas pérolas de informação e interpretação. Neste sentido, o autor trata das ordens de cavalaria, das ordens religiosas e de seus valores, regras e funcionamento social, militar e educacional, nos menores detalhes.
5. Noronha descreve com brilho e elegância as estreitas conexões, muito antes do Tratado Methuen de 1703 entre Portugal, desde seus primórdios, e a Grã-Bretanha; as circunstâncias dinásticas da Península Ibérica; o Império Português, os motivos de sua criação e as circunstâncias de sua expansão mundo afora, inclusive no Brasil. Se o livro principia com a chegada das ordens religiosas a Portugal, no século 12, ele termina com a expulsão delas de Portugal, em 1834, por Dom Pedro IV, após vencer a guerra civil contra seu irmão, Dom Miguel.
6. A obra Os Monges Guerreiros e a Ordem do Hospital em Portugal é o terceiro livro de história de autoria de Durval de Noronha Goyos, após o sucesso de Introdução à Revolução Cultural na República Popular da China, traduzido para o inglês e o mandarim, e A História da Força Expedicionária Brasileira para a Libertação da Itália, traduzido para o italiano e para o inglês, que valeu ao autor a Medalha da Vitória, da Presidência da República do Brasil. Com sua última obra, o Noronha afirma-se como historiador e pode, com justiça, usar também este título.