O jubileu da paróquia da Basílica Menor

Publicado no jornal Diário da Região, São José do Rio Preto – SP, 10 de maio de 2023.

Em 11 de maio de 2023, será comemorada a efeméride dos 90 anos da criação da paróquia da Basílica Menor da Nossa Senhora da Aparecida, em São José do Rio Preto, ocorrida no ano de 1933, sob a liderança do Bispo da Diocese, Dom Lafayete Libânio. Em prol da meritória iniciativa, uniu-se fervorosamente a população local para a arrecadação de recursos, numa demonstração de fé religiosa, solidariedade e cooperação. Alguns dos nomes dos contribuintes foram registrados nas colunas da Igreja e, dentre eles, consta o nome de um de meus tios-avôs.

A construção da Igreja esteve a cargo do arquiteto galego, Jesus Villanova Vidal, que se valeu de uma técnica prussiana, então utilizada no norte da Europa, e tida por pobre, para fazer as colunas em madeira, mas com a semelhança do mármore. O resultado ficou extraordinário. O conjunto, construído de acordo com o modelo neorromânico, expressa uma singular beleza arquitetônica. Os seus vitrais e pinturas religiosas ilustrativas de episódios bíblicos são de rara inspiração.

Meus pais se casaram na Paróquia em 25 de dezembro de 1944 e eu mesmo ali fui batizado em 24 de junho de 1951 pelos freis Paulo Puig e Valério, ambos da Ordem dos Frades Menores (OFM), ditos franciscanos. Na ocasião, fui presenteado com o meu primeiro Tau, a cruz de três pontas em madeira, usada por São Francisco de Assis a qual “representa a vitória do Bem contra o Mal, pois nada se obtém na vida sem sacrifício”, pelos frades, que eram pacientes de meu pai na clínica dentária. Adotei o hábito de usar o adereço desde então, para o meu conforto espiritual.

A minha devoção àquela Casa de Deus é ainda marcada pelas duas aquarelas da Igreja que tenho nas paredes de meus leitos em 2 de minhas residências, obras pintadas pela grande aquarelista rio-pretense, Maria Helena Curti. No correr dos anos, retornei ao Templo por inúmeras vezes à busca de conforto espiritual, por gratidão, em memória de meus ancestrais e pessoas queridas, bem como em ocasiões de júbilo, como no decurso do 30º aniversário de NORONHA – ADVOGADOS, em 2008, com um Te Deum oficiado pelo Padre Aparecido Torrente.

Foi com os freis franciscanos que aprendi inicialmente o latim e os altos valores do cristianismo, quais sejam, a honestidade, a lealdade, a bondade, a verdade, a solidariedade, o altruísmo, a harmonia e a Justiça. Bem a propósito, a saudação franciscana é expressa nos termos “paz e bem”, que todos devemos levar no coração. Em muitos momentos de minha vida madura, procurei ajudar a obra da Basílica, que tem sido decisiva para Rio Preto por 90 anos.

No entanto, a sua celebrada beleza arquitetônica não é a única contribuição que a Basílica traz para a cidade. Ali também se constrói a paz, mediante a educação, a formação do conhecimento, como também do humanismo, que compreende uma parte integrante da dimensão religiosa. Neste momento da desintegração de nossos melhores valores éticos, em que a tecnologia é desacompanhada da moral e a justiça social se torna uma meta cada vez mais distante, o trabalho desenvolvido pela Basílica se torna imprescindível e deve ser apoiado pela cidadania.

Para tanto, a Basílica precisa urgentemente de nossa ajuda solidária, de forma que o seu trabalho possa continuar na promoção do Bem e assim marcar as próximas gerações de rio-pretenses, à maneira em que marcou a minha, graças a Deus.

Por Durval de Noronha Goyos Jr.