Por Wilson Romano Calil com o título: O livro do Dr. Noronha publicada no Jornal Bom Dia Rio Preto em 30 de janeiro de 2012.
O título diz respeito ao livro denominado O Crepúsculo do império, do Doutor Durval de Noronha Goyos Júnior, advogado rio-pretense, que hoje comanda uma rede de escritórios, numa dúzia de capitais do mundo. Um hábito generalizado é iniciar a leitura de um livro e abandonar essa leitura por uns tempos ou para sempre.
Fui ler o livro e não deu para parar e aqui estou eu curtindo a ressaca de ter passado a noite em claro e ainda amargando a certeza de que, como a maioria das pessoas, não tinha conhecimento da fenomenologia política e econômica internacional que a maioria não sabe, mas as duas comandam o mundo e, nele, o nosso país. Na página 14 encontrei “o Império Americano está falido. Com o PIB da ordem de quase quinze milhões e uma dívida estimada em cerca de 98% desse montante” ainda na página 14 “a nação mais rica e mais poderosa do mundo como observaram Bonner e Adilson, depende das poupanças dos países mais pobres”. “Atualmente, a China é o maior credor dos Estados Unidos, com reservas de mais de três trilhões”, página 91.
Sobre a Inglaterra, “a qualidade de vida do povo britânico é hoje pior que aquela de muitos países em desenvolvimento, a educação pública desastrosa está a piorar, existe um déficit habitacional de cinco milhões de residências, a água pública já foi consumida três vezes”. Na página 95, mostra que a fronteira entre o México e os Estados Unidos, que se apossou da Califórnia, é mais uma cicatriz do que um limite. Estão imprimindo dólares, desenfreadamente, com o nome de relaxamento quantitativo (easing).
Página 118: “1950 o executivo ganhava 30 vezes mais que um operário nos Estados Unidos, em 2012, trezentas vezes mais”. No livro, que eu sou fã de carteirinha do Barack Obama, vi o porquê do não cumprimento de quase todas as promessas da campanha eleitoral. Na maior nação do mundo, o poder e o complexo industrial militar, Presidência, congresso, judiciário são sub-poderes e são trágicas as consequências, quando se o desafiam. Ainda do livro, página 35: “os Estados Unidos ainda mantém mil bases militares no exterior”.
Página 47: “são evidentes os sinais alarmantes de esgotamento do modelo econômico brasileiro” mostra que todas as “novidades” apresentadas pelos governos foram adotadas pelo general Figueiredo e continuam até hoje. Diz ainda, explicitamente, que o governo brasileiro aposta no dólar e “o dólar é uma porcaria na atualidade”. Finalmente, o livro tem 270 páginas e em todas elas uma surpresa, em todas elas a certeza de que sabemos quase nada sobre política e economia internacionais. Quisera eu poder dar um exemplar para cada Brasileiro, mas não posso, mas dois exemplares darei: um para o ministério das relações exteriores e outro para o ministro da fazenda. Um terceiro exemplar (ah! Se fosse possível, para o Obama).
Termino com as seguintes afirmações: Obama é um cara bem intencionado; os Estados Unidos desde que se realinhem numa filosofia humana podem fazer a felicidade do mundo; os jovens devem procurar ler, estudar para atingirem o grau de culto do Noronha Goyos Júnior. Mais não conto do livro, pois não desejo contar o filme para não estragar as surpresas, a que tem direito os leitores.