O livro Shanghai Lilly, a autobiografia autorizada de Vivian Salomon, com António Paixão antecipa, em seu título, os paradoxos de sua abordagem. A protagonista, Vivian Salomon, é praticamente antagonista de seu biógrafo, António Paixão. Ao dizer que é uma “autobiografia”, contudo, esse antagonismo é revelado antes como paródia de si mesmo do que como um relato cujo eixo central é articulado entre Solomon e Paixão.
Tal articulação, entretanto, é fictícia e nos leva a duas narrativas distintas: uma da própria Solomon e outra, de Paixão. Isso fica claro quando aspectos históricos são abordados, em linguagem completamente distinta da personagem central. O recurso à linguagem utilizada na Internet em contraponto à seriedade do narrador marca essa quebra proposital de uma narrativa linear. Assim, o que temos é um livro no qual a superficialidade da protagonista constitui-se quiçá como uma distração para o que Paixão aborda de maneira mais subliminar, sem o alarde quase estridente de Solomon.
NOTA: Cláudio Willer, um dos principais poetas brasileiros comenta:
Apreciei a exuberante sátira de seu debochado heterônimo Antônio Paixão.
Aliás, heterônimo mesmo, e não apenas pseudônimo. Irreverente, fluente, além de muito informativo.
Detalhes:
Autor: António Paixão (Heterônimo)
ISBN: 978-989-774-145-6
Idioma: Português
Edição: 1 / 2017
N° de páginas: 332
Editora: Chiado Editora