Publicado na Coluna Semanal do Dr. Noronha a convite do sítio “Última Instância – Revista Jurídica”, São Paulo, Brasil, 05 de janeiro de 2011.
São Paulo – O intelectual brasileiro, Samuel Pinheiro Guimarães, transmitiu na terça-feira, dia 4 de janeiro de 2011, o cargo de ministro da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República) ao político carioca, Moreira Franco, com um elenco de importantes iniciativas e realizações à frente deste importante órgão do Poder Executivo, devendo ser indicado nos próximos dias para a função de Alto Representante do Mercosul, criada na reunião do bloco realizada em 16 de dezembro de 2010, em Foz do Iguaçu.
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À frente da SAE, Pinheiro Guimarães conduziu o primeiro ensaio de planejamento integral executado no País, coordenando um esforço de 37 ministérios e secretarias especiais, a balizar metas orientadoras para a ação governamental em diferentes níveis, bem como metas indicativas para a sociedade, particularmente para as empresas privadas. Trata-se de uma iniciativa de grande importância, já levada a efeito com sucesso por outros países, notadamente a República Popular da China.
De mais a mais, a SAE sob a liderança de Pinheiro Guimarães examinou questões prioritárias na estratégia nacional de defesa envolvendo tecnologias de informação e comunicação, incluindo-se os supercomputadores, a autonomia na produção de combustível para usinas nucleares, para além da questão aeroespacial a abranger tanto os veículos lançadores como os próprios satélites.
As credenciais de Pinheiro Guimarães para o cargo na SAE ficaram muito claras com sua excelente atuação como secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores durante o governo Lula, pelo período de sete anos, quando discreta e eficientemente reformulou a estratégia internacional do País, que resultou no retumbante sucesso da afirmação dos interesses nacionais nos foros globais.
As linhas básicas do pensamento de Pinheiro Guimarães foram expressas na obra Desafios Brasileiras na Era dos Gigantes (Editora Contraponto, Rio de Janeiro, 2006), prestes a ser lançada na China em Mandarim, na qual analisa de maneira lúcida e esclarecida as diversas perspectivas estratégicas do Brasil, suas vantagens e vulnerabilidades. Outra obra importante de sua autoria é Quinhentos Anos de Periferia (Contraponto), na qual examina a história do Brasil sob a perspectiva das relações internacionais.
O cargo de Alto Representante do Mercosul substitui o de presidente do bloco, que ficou vago com a morte do presidente Nestor Kirchner. O Alto Representante do Mercosul será o coordenador da política externa do bloco assim como o seu porta-voz. A indicação não poderia ser melhor. Samuel Guimarães circula com grande autoridade e plena credibilidade por todos os países membros do bloco, sempre colocou o Mercosul como a principal ação da diplomacia brasileira e tem visões muito claras de como aperfeiçoá-lo.
Dessa maneira, não se esquece Samuel Guimarães, como menciona na sua supracitada obra de que “a análise das condições, estratégia e tática da ação política do Mercosul deve ser precedida de uma visão do sistema mundial no qual essa ação política tem de se verificar.”