O G-7 e o conluio do mal

Publicado no jornal Diário da Região, São José do Rio Preto, SP, 20 de junho de 2023.

Não se pode denominar o agrupamento informal conhecido por G-7 de irrelevante. Ele reúne os Estados Unidos da América (EUA) e o seu núcleo principal de Estados clientes: a Alemanha; o Canadá; a França; a Itália; o Japão e o Reino Unido, todos membros oficiais ou oficiosos (caso do Japão) da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança militar ofensiva e defensiva. Trata-se, na realidade, do ignóbil clube das potências imperialistas, com cruel tradição história de opressão de outros povos. De fato, a consciência mundial jamais poderá se esquecer do tráfico oficial de ópio pelo Reino Unido e da desgraça por ele causada na China e na Índia. Como não se recordar dos males impostos pela Alemanha de Hitler e pela Itália de Mussolini? A lembrança da violenta ocupação imperialista japonesa na China e na Coréia ainda nos apavora. O passado colonial de França é lembrado com assombro. Os danos causados pelos EUA, por sua vez, ocupariam o espaço de uma alentada enciclopédia da infâmia.

Houve época em que os integrantes do G-7 alardeavam possuir mais de 50% da riqueza mundial. Se isso foi verdade, hoje resta claro que os seus componentes têm em conjunto menos de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Ademais, eles são demograficamente pouco representativos, pois detém apenas 10% da população global; não possuem autoridade moral ou representatividade democrática internacional, mas apenas um extraordinário poder militar, utilizado para a opressão sem quaisquer limites.

Para além do poderio militar, procuram os integrantes do G-7 se valer de instituições multilaterais como o Banco Mundial; o Fundo Monetário Internacional (FMI); e a Organização Mundial do Comércio (OMC) para promover a sua própria prosperidade seletiva, enquanto impõe a miséria ao resto do mundo. Recentemente, a primeira-ministra da Itália esteve na Tunísia, acompanhada da presidente da União Europeia (EU), para fazer com que este país reprima a emigração de sua miserável população, causada pela desordem mundial gerada pelo G-7.

Para tanto, acenaram elas com um auxílio de US$ 100 milhões e a oportunidade de um acordo com o FMI, nos padrões daqueles que promoveram a desgraça, a indigência e a desventura mundo afora. A proposta foi rejeitada. Para um balanço moral, recorde-se que para fins de financiamento da guerra por procuração contra a Rússia, já foram desembolsados mais de US$ 100 bilhões. A Argentina continua pressionada a fazer mais um acordo desastroso com o FMI, o que poderá afetar a estabilidade regional no Cone-Sul. A mesma presidente da EU recentemente lá esteve para renovar as ameaças.

Portanto, o G-7 comporta-se hoje de maneira não atentatória ao Direito internacional e se constitui na principal ameaça à paz e ao ordenamento jurídico da Organização das Nações Unidas (ONU), ao mesmo tempo em que é o vetor precípuo da promoção da penúria e da desesperança em escala global. Para além da propaganda, o G-7 promove uma prosperidade artificial dos principais agentes econômicos e financeiros dos EUA. Logo, os Estados clientes perceberão o peso do custo do apoio insano que emprestam a tais políticas e serão levados a rejeitá-lo pela pressão da sua opinião pública interna, movida por conta da crise econômica.

É mais do que chegada a hora de se acabar com o vergonhoso conluio maléfico do G-7 e de se reforçar o Direito internacional para proteger a humanidade dos abusos ora praticados.